Garrincha Estrela Solitaria
Na década de 30, no Rio de Janeiro, nasce uma das maiores figuras do futebol brasileiro de todos os tempos. Mané Garrincha (André Gonçalves) teve uma infância pobre, trabalhou como operário e chegou ao estrelato no esporte por seu talento e habilidade. Ele começou a jogar bola aos 14 anos em um time pequeno, mas o clube que o consagrou foi o Botafogo. Lá, teve glórias e conquistou campeonatos, que resultaram em convocações para atuar na seleção brasileira. Com a camisa verde e amarela, Garrincha venceu duas Copas do Mundo, a de 1958 e a de 1962.
A brilhante carreira do chamado demônio das pernas tortas, porém, foi permeada o tempo todo pelo alcoolismo. A indisciplina do jogador gerou problemas profissionais, mas seus amigos e amores estiveram sempre ao seu lado. Personagens como Elza Soares (Taís Araújo), Iraci, Sandro Moreyra e Nilton Santos ajudam a desvendar a personalidade intrigante e multifacetada do atleta.
Garrincha - Estrela Solitária é baseado na biografia de Ruy Castro. O jogador faleceu em 1983, vítima de um edema pulmonar. O protagonista do filme é André Gonçalves.
A vida real de Garrincha, cheia de personagens que ao mesmo tempo provocam risos e encantam, foi tão interessante que até parece ter sido tirada de uma peça de Nelson Rodrigues. O menino pobre que se tornou ídolo mundial de futebol com dribles desconcertantes. O homem que adorava uma bebedeira com os amigos. O bem dotado amante de várias mulheres. Uma pena que esses fatos apareçam jogados no filme, sem nenhuma substância. Da forma amadora como as passagens de sua vida são mostradas, o espectador dificilmente consegue se empolgar com a história.
A narrativa começa em 1980, quando a escola de samba Mangueira homenageia Garrincha, que desfila em um carro alegórico especialmente preparado para ele. As várias facetas do jogador são mostradas a partir das lembranças de pessoas que lhe foram muito próximas e que o amaram de diferentes maneiras. A cada close de um novo personagem, começa o olhar distante e temos mais uma história do craque. Os escolhidos para apresentar as historietas do jogador foram Sandro Moreira, jornalista que acompanhou toda a sua carreira, Nilton Santos, companheiro no Botafogo e na seleção brasileira, Pincel e Suíngue, amigos das peladas em Pau Grande (RJ), Iraci, uma de suas amantes, e Elza Soares, que foi o grande romance da vida de Mané.
O espectador mais curioso sairá do cinema precisando pesquisar para poder entender a vida do craque. O filme não apresenta os motivos do alcoolismo, a necessidade do craque de se relacionar com várias mulheres ao mesmo tempo, quantos filhos teve, sua paixão avassaladora por Elza Soares e nem a causa de sua morte. Infelizmente, a verdadeira força do filme reside apenas nas imagens de arquivo de suas brilhantes jogadas. E isso já existe no sensacional documentário Garrincha - A alegria do povo, feito por Joaquim Pedro de Andrade em 1963.